Amigas e amigos, saudades do Dicró. Muitas saudades mesmo.
Além de figura maravilhosa e divertidíssima, o Dicró foi o responsável por um projeto que marcou a minha vida: o Parque Ambiental da Praia de Ramos que virou Parque Ambiental Carlos Roberto de Oliveira Dicró, após a morte do sambista.
Justa a homenagem, mas em respeito a uma pessoa de quem fiquei muito amigo e admirava profundamente, falo do projeto com o nome que ele e a população do Rio de Janeiro deram: o Piscinão de Ramos.
Esse pessoal aí não vem para a Praia de Ramos
Foi essa frase do Dicró que deu início a tudo. Eu tinha acabado de assumir a Secretaria do Ambiente, nem tinha sentado ainda na cadeira, e houve uma mortandade de peixes enorme na Lagoa. Para quem é novo, isso acontecia com frequência.
Os moradores da região, para protestar contra o descaso com a lagoa, organizaram um abraço em seu entorno. O RJTV da manhã fez a cobertura ao vivo do evento e eu, como secretário e amante do meio ambiente, fui. A Globo me entrevistou e eu disse que faria o que fosse necessário para resolver o problema da Lagoa Rodrigo de Freitas. E, na mesma hora, entrou o Dicró ao vivo falando da Praia de Ramos. Ele relatou as péssimas condições da praia e disse na lata, na minha cara: “esse pessoal aí não vem na Praia de Ramos não”.
O final da história você já conhece
Marquei com ele. Fui na Praia da Ramos e a situação estava péssima. Coloquei o pessoal da secretária para ver o que poderia ser feito. A região tem uma geografia complicada. A solução dos meus sonhos seria despoluir de forma rápida toda a Baía de Guanabara e os rios que chegam ali muito poluídos. Essa é a solução a médio e longo prazo. A de curto prazo foi o Piscinão de Ramos, inaugurado em dezembro de 2001.
Com a compensação ambiental da Petrobras devido ao grave acidente na Baia de Guanabara pouco antes, a obra foi feita sem recursos do estado, teve inovações como a 1ª estação de tratamento de água salgada do mundo, que faz com que muitas vezes o Piscinão tenha a melhor água para banho da cidade.
O Piscinão de Ramos já chegou a receber 60.000 pessoas em um dia. Ele gera empregos, gera renda através dos vários quiosques, oferece lazer... É um flash a cada mergulho.
Até o bloco da comunidade, o Boca de Siri, de tanto se apresentar no Piscinão já virou escola de samba e está na série B do carnaval carioca, desfilando na Intendente Magalhãs. Se subir mais um degrau chega à Marques de Sapucaí. E batizaram a quadra de Andrezão. Dicró, você imagina como eu fiquei com essa homenagem, né?
A presença do estado na comunidade abriu as portas para a implantação de outros projetos como o Cidadania ambiental, o De Olho no Lixo – Baía de Guanabara, o Ecomoda, o Funk Verde...
Dicró meu amigo, se não fosse o seu desafio, o Piscinão não existiria.
Por isso eu falo, em meu nome e em nome de milhares de pessoas que quando é domingo juntam a família e vão para o Piscinão de Ramos, muito obrigado.
Abraço,
André Corrêa