Pela segunda vez, Rio de Janeiro é sede do encontro que discute ações conjuntas para recuperar e manter a sobrevivência desse importante bioma
Em maio, comemoramos no Brasil o Dia Nacional da Mata Atlântica, data que reforça, a cada ano, a importância de trazermos para o centro das discussões a preservação desse extenso bioma, onde atualmente vivem mais de 72% da população do país.
Mas, antes das comemorações do dia 27, o Rio de Janeiro recebeu, pelo segundo ano consecutivo, um importante evento na agenda ambiental do país: o Encontro dos Secretários de Meio Ambiente dos Estados da Mata Atlântica. Estive novamente no Palácio Guanabara junto a representantes dos 17 estados da mata atlântica para discutir, em conjunto, diretrizes para a conservação e recuperação desse bioma tão vital para todos nós.
Nesse encontro resgatamos os compromissos assumidos na carta “Nova História para a Mata Atlântica”, criada no ano passado entre os secretários de Meio Ambiente e a Fundação SOS Mata Atlântica. O documento estabelece metas conjuntas para que os estados alcancem o desmatamento ilegal zero e busquem aumentar a cobertura florestal até 2018, levando em consideração a realidade atual de cada local e as iniciativas até então realizadas.
Nós, da Secretaria do Ambiente, estamos lutando para fazer com que o Rio de Janeiro parasse de perder cobertura vegetal. Estamos muito felizes em ver os atuais resultados, pois há 15 anos, quando assumi a Secretaria pela primeira vez, éramos campeões nacionais de desmatamento. Hoje, depois de anos de trabalho, podemos dizer que estamos no caminho certo.
O Rio de Janeiro está perto de atingir a meta de zero desmatamento ilegal, apesar da alta de 9% na devastação do bioma no país entre 2011 e 2013. Os últimos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica nos mostram que nosso estado está entre os nove que apresentaram desmatamentos abaixo de 100 hectares, o que equivale a um quilômetro quadrado.
Em relação a esse ponto, uma das iniciativas que destaquei durante o evento foi a criação do projeto Olho Verde, um monitoramento permanente via satélite da cobertura vegetal do Rio de Janeiro que em breve será lançado. O sistema já opera em fase experimental há três meses e é capaz de captar imagens de até 300 metros quadrados. Com isso, podemos identificar com precisão a área desmatada do nosso Estado. Uma boa notícia que recebemos é que já foi possível observar que o Rio ainda tem 30% do seu estado de cobertura.
Devemos lembrar que, ao mesmo tempo em que preservamos a Mata Atlântica, aumentamos o potencial turístico do nosso Estado, preservamos a qualidade dos solos para atividades agropecuárias e também cuidamos das águas que abastecem a população fluminense.
No Rio Paraíba do Sul, por exemplo, responsável por abastecer 85% da população do Estado, está sendo realizado um trabalho de restauração florestal, que visa manter o volume e a qualidade de água, assegurando esse recurso para cerca de 12,5 milhões de moradores do Estado do Rio, destes cerca nove milhões na região metropolitana.
Além disso, criamos recentemente mais uma unidade de conservação do Refúgio da Vida Silvestre nas margens do Rio Paraíba do Sul, de grande importância para a restauração florestal e recuperação dos rios e nascentes, pois protege o habitat natural de espécies da flora e fauna local. Esse é um dos três maiores Refúgios da Vida Silvestre de todo o bioma de Mata Atlântica, protegendo espécies raras e ameaçadas de extinção, mais de 130 córregos e nascentes e 63 ilhas fluviais, que são de extrema importância para que as espécies nativas do rio se reproduzam.
Durante o encontro com os secretários de Meio Ambiente, essa é uma iniciativa que fiz questão de destacar, junto com outras medidas que estamos desenvolvendo e já apresentam resultados no trabalho de preservação da Mata Atlântica no Estado, como:
> O início da modelagem da primeira parceria público-privada (PPP) para atuar em unidades de conservação ambiental tendo como piloto o Parque Estadual de Ilha Grande, em Angra dos Reis. Agora se inicia um amplo debate para que a população conheça e aprimore nossa proposta. Com isso, a Ilha também receberá iniciativas para melhoria do saneamento básico e gestão de resíduos sólidos. O trabalho está sendo feito com recurso zero do governo, apenas com verba de compensação ambiental;
> A Implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Estado, que é um dos mais avançados do país;
> Levantamento do primeiro inventário de espécies endêmicas do Rio de Janeiro, que nos permitiu mapear a existência de espécies que já eram consideradas extintas como a Guarajuba, por exemplo.
Este vídeo mostra um pouco mais do evento e dos assuntos que foram destaque durante o encontro:
Plano de melhoria da gestão dos parques
Ilha Grande foi escolhida para a iniciativa pioneira de parceria público-privada, por receber uma alta quantidade de turistas durante todo o ano, o que tem sido excessivo e predatório para o meio ambiente local.
Mas, outros parques também passam por um processo de conservação e restauração. O Parque Estadual Três Picos, por exemplo, ganhará uma nova sede em Teresópolis, o que favorece o turismo na região e a preservação da biodiversidade local. O parque será administrado pelo Inea e já tem sede em Cachoeiras em Macacu, um núcleo de montanha em Nova Friburgo e um operacional em Guapimirim.
O chefe do parque estadual, Ricardo Raposo, nos contou que a expectativa é grande e que Teresópolis só tem a ganhar com a novidade.
"Acho que a coragem e vocação do secretário André Corrêa de tirar as ideias do papel ajudaram e graças a Deus culminaram na realização de um grande complexo de visitação turística. Não havia uma área onde se pudesse receber escolas durante a semana, ou pesquisadores. E há uma série de ações que a gente já vem fazendo e aqui vai ser um ambiente propício para todos esses programas. Esse complexo vai trazer para toda a região um grande avanço, em todos os sentidos.”
As obras estão sendo feitas com recurso do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e seguem conceitos de arquitetura sustentável como aproveitamento da energia solar e captação e aproveitamento da água da chuva. A sede oferece centro de visitantes, casa do pesquisador, alojamento para guarda-parques, camping com administração, restaurante, estacionamento, banheiros e lavadores. Uma nova opção de lazer para a cidade que é considerada a capital nacional do montanhismo.
“As expectativas são as melhores possíveis: é uma área de fácil acesso, os operadores de turismo já conhecem, tem local para estacionar ônibus, vamos ter um palanque para observação de aves, alojamentos para congressos e encontros, trilhas interpretativas, acesso para pessoas com necessidades especiais. Estamos preparados para receber todo tipo de demanda. E aqui pode ser uma das unidades com modelo de parceria público-privada, pois o próprio projeto prevê restaurantes, área de camping. Já existem unidades de conservação com esse modelo. Não vejo como não ser um sucesso”, nos disse Ricardo.
O encontro foi fundamental para medirmos as ações no Rio de Janeiro em relação aos demais estados, compartilhar boas práticas e avaliar o avanço do Brasil em relação às metas estabelecidas para a recuperação e conservação da mata atlântica.
Finalizamos o evento com um acordo para união entre sociedade civil organizada, por meio da Fundação SOS Mata Atlântica, e os estados com cobertura de mata atlântica na luta contra o desmatamento.
Seguimos juntos escrevendo um novo capítulo da história ambiental do Rio de Janeiro e do nosso país. Gostou da novidade? Compartilhe!
Grande abraço,
André Corrêa