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Acorda, Rio! - Paulo Motta - O Globo

Publicado no Globo - 27/11/2009 - Paulo Motta

Estão querendo de novo passar a mão na nossa poupança (com duplo sentido). Falo dessa confusão toda de royalties e participações no pré-sal e pós-sal, essa chatice que não anima roda de papo nenhuma. Mas, para bem além de cabrais, Mais e Garotinhos (até porque a bancada federal, de Chico Alencar a Eduardo Cunha, imagine, está unida!), o que está em jogo são bilhões e bilhões de reais para (veja bem!): educação, saúde, favelas, segurança, transporte, habitação, obras, manutenção, estradas, etc., etc., etc., e até aquele probleminha que só diz respeito a você mesmo.

Preste atenção, povo fluminense.

O Rio já perdeu (e nunca foi recompensado por isso) a capital federal. O processo de fusão não foi sustentado por dinheiro federal suficiente. O ICMS do petróleo é uma exceção ao ser cobrado no destino e não na origem.

O complexo nuclear de Angra distribui energia para o sistema nacional interligado, mas privatiza os riscos no estado, como o de acidentes que exijam evacuação por uma BR-101 em cacarecos e o da estocagem do lixo atômico nas usinas, sem que isso tenha sido debatido e recompensado.

Agora, a ameaça vem dos novos coronéis do Nordeste (já tivemos opositores melhores!). Eles querem socializar (na verade, ficar com boa parte) a renda da exploração do petróleo na costa do Rio, porém, mais uma vez, querem privatizar os prejuízos. Se acontecer um gigantesco derramamento de óleo nas plataformas, a contaminação vai chegar às belas e lucrativas praias de Pernambuco? Vai exterminar a vida marinha, as famosas lagostas do Rio Grande do Norte? O inchaço urbano das áreas em terra, com crescente favelização, como é prova Macaé, vai degradar os estados de Eduardo Campos e Henrique Alves? Se, em vez de Campos ou Santos, a bacia fosse de Olinda, iam aceitar entregar o bônus e ficqr com o ônus? Mas, como dizia Roberto Carlos, chega de papo careta. Se você leu até aqui, leia mais sobre o tema nas páginas noticiosas, impressas e digitais, que têm obrigação de ser equilibradas.

Aqui, como é página de opinião e cada um tem a sua, a minha, por mais irresponsável que seja, é a seguinte: Acho que deveríamos declarar o governador de Pernambuco e presidente do PSB (alô, PSB do Rio!), Eduardo Campos, persona non grata em todo o glorioso território fluminense. Sem exageros, porque não quero ser processado.

Nada de tomate. Basta uma boa vaia (sabemos fazer isso!). Talvez devêssemos até pedir uma boa parte dos lucros da pesca da lagosta, afinal estão no mar como o nosso petróleo.

Sabemos também organizar protestos criativos na orla. Que façam um, sem políticos. Ou, obrigatoriamente com todos eles. E sob o lema "Tira a mão do meu bolso!" Falando em políticos, e como a questão dos royalties é, a meu ver, mais importante para o Rio que as próximas eleições, vamos constranger Lula e Dilma, que começaram tudo isso, e cobrar o siêncio "de olho nos votos do Nordeste" de Serra. Quem esbarrar em uma boate ou nas praias de Angra e Búzios com Aécio favor avisá-lo que estamos contando os votos de Minas. Ney Suassuna, político da Paraíba e dono de colégios no Rio, não pode andar impunemente pela Barra da Tijuca.

Quem encontrar na Lapa Marcelo Déda, o governador de Sergipe, feliz feito pinto no lixo, favor estragar a festa. E Ciro Gomes, cearense do Leblon que já nos levou a Patrícia Pillar? Não deixem também de cobrar daqueles que se dizem cariocas da gema, como o paulista Fernando Henrique e o baiano Jaques Wagner.

Alô, empresários, alô CUT-RJ. Alô favela. Alô cariocas honorários, amantes deste estado. Alô Feira de São Cristóvão. Alô, Caetano e Gil. Alô, Ziraldo. Alô, Mestre Zu. Alô, Ancelmo.

Alô, Moreno! Alô alô torcida do Flamengo, do Vasco, do Flu, do Bota e do América. É preciso todos gritando.

O Rio, o segundo estado de todo brasileiro, acabou virando a Geni da Federação.

E, se nada der certo, em último caso, podemos iniciar um movimento separatista e declarar a independência.

Às margens do Canal do Mangue! Afinal, se a nova nação a ser criada exigir os mesmos direitos do país-madrasta, declararíamos a posse das 200 milhas marítimas, ficaríamos com tudo, e essa conversa estaria acabada.

Abre o olho, galera!

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