Iniciativa propõe reflexão sobre mudanças climáticas e preservação dos recursos hídricos, que estão no foco das ações da Secretaria de Estado do Ambiente
A chamada do Papa Francisco para a discussão ambiental – com a divulgação em maio da carta Laudato Si - Sobre o cuidado da casa comum – e a escolha desse tema para a Campanha da Fraternidade 2016, não poderia ter acontecido em melhor hora. Participei do lançamento da campanha no útimo dia 07, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, e fiquei muito feliz de ver a Igreja abraçar essa causa, chamando a atenção para o fato de que, independente das nossas crenças religiosas, precisamos nos unir de uma vez por todas pela preservação do planeta, que é a nossa casa comum.
Está próximo o início da Conferência Mundial do Clima (COP-21). O Brasil está entre os 195 países que estarão em Paris, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro, para definir acordos que visem reduzir as emissões de gases do efeito estufa entre 40% e 70% de agora até 2050. Muitos não sabem, mas estamos em um estado de alerta global para que o aquecimento da Terra não supere os 2°C, medida que se não for adotada pode causar um desequilíbrio no planeta e desencadear os piores impactos naturais já vistos.
Mais calor, menos água
Vivemos, na Região Sudeste, o que eu considero a maior crise hídrica local dos últimos 85 anos. Segundo dados do Banco Mundial, até 2050 mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo podem viver sem água suficiente e, na região metropolitana do Rio de Janeiro, somos nove milhões de pessoas enfrentando o risco da falta d’água.
A água está diretamente ligada a questões como geração de energia, segurança alimentar e saneamento básico. A ONU estima que cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à energia elétrica, 780 milhões à água potável e 2,5 bilhões a saneamento básico.
Para se ter uma ideia, o Brasil está entre os países que mais concentram água na América Latina. Entretanto, a população só aumenta, mas a quantidade de água disponível não acompanha esse crescimento. Além disso, o desperdício ainda é grande em um cenário em que o uso consciente dos recursos hídricos é cada vez mais necessário.
Na Região Sudeste, a ausência de chuva reduziu o nível do Rio Paraíba do Sul – principal fonte hídrica do Rio de Janeiro – e dos reservatórios de água, gerando uma preocupação com a escassez de água no nosso Estado. Identificamos, com isso, a necessidade de tomar diversas medidas emergenciais, principalmente no sudeste do Estado, onde há maior concentração de pessoas e, consequentemente, mais consumo.
Aproveitamos o período das secas em 2015 para desassorear os rios e córregos do Estado, medida preventiva que precisa do apoio contínuo da população no que se refere ao descarte correto do lixo. As regiões mais acidentadas e propícias a acúmulos de água durante as chuvas, como a Região Serrana do Rio, foram especialmente atendidas por essa ação.
Além disso, nos últimos meses adotamos algumas medidas em destaque para tratar a questão da água no Estado. São elas:
Criação do Comitê de Segurança Hídrica, que se reúne semanalmente para discutir medidas em curto e longo prazo para minimizar os problemas da crise hídrica;
- Dragagem do complexo das Lagoas da Barra, que removeu 277 toneladas de detritos acumulados no fundo das lagoas, fazendo a revitalização e recuperação ambiental do local;
- Melhoria da situação do rio Paraíba do Sul – que abastece 80% do Grande Rio – e dos principais reservatórios que abastecem o Estado, o que permitiu uma economia de 2 trilhões de litros de água.
Em relação a essa última medida, está sendo trabalhada a possibilidade de acessar camadas mais profundas do rio Paraíba do Sul, que tem cerca de dois metros de profundidade, o que é um volume bem abaixo da vazão. Entretanto, trata-se de onde há maior concentração de sedimentos, o que encarece o tratamento da água para consumo.
Em entrevista, o Presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Guillo, fala mais sobre a sua percepção dessas medidas.
“É visível o esforço que está sendo feito de buscar uma solução célere para conseguirmos reduzir a vazão de tal maneira que a gente possa manter água nos reservatórios para garantir a incerteza do próximo período chuvoso. Nós não sabemos o que vai acontecer no futuro e a melhor maneira de a gente poder se precaver é guardando água nos reservatórios. Porém, o cenário de chuvas para a bacia do Paraíba do Sul continua preocupante no ano de 2015. Portanto, nós precisamos continuar acelerando para que não haja risco nem para o processo produtivo, que é fundamental não só aqui para a região, mas para o Estado e até mesmo para o país”, reforça Vicente.
Confira mais no vídeo abaixo: