Chegada das forças de segurança levou vários serviços à população, como filiais de agências bancárias, além de gerar oportunidades de negócio para os moradores
A ocupação do Complexo do Alemão, na Zona Norte, completou três anos na quinta-feira. A chegada das forças de ocupação possibilitou a entrada de serviços antes impensáveis na comunidade, como biblioteca e financiamentos para pequenos negócios, entre outros.
Para os moradores do conjunto de favelas, que já foi considerado o mais violento do Rio de Janeiro, a ocupação representou a possiblidade de escrever novas histórias. Desde 2010, a população local pôde testemunhar a chegada de projetos como o Teleférico do Alemão, que já bateu recorde de sete milhões de passageiros, a Praça do Conhecimento, o CineCarioca 3-D, a construção de novas casas, áreas esportivas e educacionais e a instalação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Além disso, recebeu agências bancárias e filiais de grandes redes de varejo. Em 2014, uma Biblioteca Parque e uma Casa do Trabalhador se somarão à lista de avanços.
Para a comerciante Eni Vicente, de 48 anos, a transformação da comunidade representou renascimento e prosperidade. Mineira de Muriaé, ela abriu, em 1999, uma padaria em uma loja alugada na comunidade Nova Brasília. Após algumas falências, viu o negócio deslanchar graças à pacificação. Em três anos, Eni abriu mais duas padarias e comprou três veículos. Legalizou a empresa há um ano, contratou 15 funcionários com carteira assinada, passou a abrigar um caixa eletrônico 24 horas e agora negocia com a Caixa Econômica a instalação de um posto de recebimento de contas no estabelecimento. “Com a pacificação, comecei a crescer. Hoje, grandes empresas sobem aqui para me atender”, disse.
Com a grande movimentação de turistas, atraídos pela presença das forças de segurança e pelo teleférico da comunidade, o técnico em telecomunicações Marcelo Ramos, 38 anos, abriu o bistrô Estação R&R, espaço que oferece mais de 200 rótulos de cervejas importadas e nacionais artesanais. A ideia, que parecia loucura, ganhou apoio da Agência Estadual de Fomento (AgeRio), que já financiou cerca de 350 empreendimentos na comunidade.
Três anos após ficar famoso por twittar a ocupação do Alemão, Rene Silva, hoje com 20 anos, ainda representa a comunidade no Brasil e no mundo. O jovem líder do Voz da Comunidade contabiliza mais de 300 viagens para dar palestras, falar sobre jornal comunitário e participar de programas. “As pessoas têm curiosidade de saber como a pacificação funciona. É um processo e já aconteceram muitas mudanças”, destacou.
Fonte: Jornal do Commercio - RJ