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Rio Rural apoia regulamentação da coleta dos frutos da aroeira na Região dos Lagos

Rio Rural apoia regulamentação da coleta dos frutos da aroeira na Região dos Lagos

Produtores rurais dos municípios da Região dos Lagos estão se preparando para regulamentar e organizar a exploração da aroeira, planta nativa da Mata Atlântica, que tem um grande potencial econômico. No último dia 20/10, cerca de 80 agricultores se reuniram no município de São Pedro da Aldeia para conhecer os detalhes do manejo adequado da planta e da regulamentação da coleta de seus frutos em áreas preservadas.

 

O evento, realizado pela Emater-Rio e pelo Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura, deu destaque ao alto valor agregado do fruto da aroeira, conhecido como pimenta rosa, que é utilizado na gastronomia como condimento, e também na extração de óleos essenciais. Muitos dos agricultores e moradores de áreas rurais da Região dos Lagos fazem a coleta dos frutos para serem vendidos a atravessadores, mas desconhecem o seu uso. Por isso, além de contribuir com a regulamentação da atividade da extração, o encontro também foi importante para que os produtores compreendam todas as fases do processo produtivo, adquirindo maior domínio sobre a relevância do seu papel no mercado da aroeira.

Exemplo de sucesso

Para apresentar as potencialidades da aroeira foi convidado o diretor do Instituto Ecoengenho, José Roberto da Fonseca. A entidade desenvolve um projeto de exploração sustentável da aroeira que tem transformado a vida de produtores nas áreas rurais de Alagoas, contribuindo para a erradicação da pobreza naquele estado. Fonseca mostrou que, com o manejo sustentável da aroeira e o beneficiamento estratégico da pimenta rosa, a renda dos produtores pode aumentar de forma significativa.

- A atividade de extração da aroeira é uma forma de preservá-la. Com regulamentação e capacitação dos produtores para poda e coleta, ensinando as melhores técnicas para preservar essas plantas, de maneira a aumentar sua produtividade, ninguém vai querer destruir o que pode ser a ‘galinha dos ovos de ouro’, já que a atividade pode ser muito lucrativa - enfatizou o diretor do Ecoengenho.

Segundo a presidente da Emater-Rio, Stella Romanos, a metodologia do Rio Rural responde adequadamente às necessidades atuais dos coletores de pimenta rosa no Rio de Janeiro. Executado pela Emater-Rio, o programa fomenta as potencialidades locais, garantindo a autogestão dos recursos investidos pela própria comunidade, e incentiva práticas sustentáveis e de geração de renda, com contrapartidas de preservação ambiental por parte do produtor.

- A aroeira já é uma importante fonte de renda para o agricultor local e, por meio do programa, poderemos regularizar e organizar a atividade de maneira sustentável - destacou a presidente, que no evento também representou o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.

Para José Roberto da Fonseca, que visitou algumas propriedades no dia anterior ao evento, a região tem muito potencial, principalmente pelo envolvimento de diversas entidades.

- Aqui eu vi uma coisa importante que é o relacionamento muito bom entre as entidades do setor público, ou seja, são várias instituições juntas tentando descobrir uma maneira de mudar a condição de pobreza no campo que ainda persiste na região. Por isso é necessário que existam programas estruturantes. Tem que ter coragem e ousadia, superar os protocolos antigos, abrindo novas possibilidades, e dar sequência a esse tipo de encontro - ressaltou Fonseca.

O produtor rural Edmar de Oliveira Pinto, que teve sua propriedade visitada pelo diretor do Instituto Ecoengenho, saiu do evento muito satisfeito.

- Antes a gente não tinha conhecimento, e cortava a aroeira de qualquer maneira. Agora fomos instruídos para fazer melhor e garantir essa renda a mais. Foi muito válido - relatou. Ele mora no assentamento Ademar Moreira, onde vivem cerca 35 famílias, que extraem a pimenta rosa na reserva ambiental que existe no local. A comunidade foi escolhida para a criação de um plano piloto de manejo, que vai contribuir para a regularização da atividade.

Para a coletora Gilcéia Damasceno, o evento também foi uma oportunidade de experimentar a pimenta rosa.

- Nós aprendemos muita coisa hoje. Eu faço coleta e não sabia que a aroeira utilizada como tempero. Para você ter ideia eu nunca tinha comido, só experimentei hoje e gostei muito - observou a produtora que mora na localidade de Retiro, em São Pedro da Aldeia.

Aroeira no Rio de Janeiro

Por ser uma planta nativa da Mata Atlântica, a aroeira está presente em todo o litoral do Rio de Janeiro. A coleta de seu fruto, a pimenta rosa, é feita de maio a julho. Segundo Oduvaldo de Oliveira, engenheiro agrônomo da Emater-Rio em Casimiro de Abreu, a exploração da aroeira no estado com fins comerciais começou a se intensificar no final da década de 1990, e ainda pode crescer muito.

- A extração já existe informalmente e movimenta a economia da região nos meses de coleta. Neste ano, somente uma empresa que trabalha com a pimenta rosa comprou 100 toneladas dos coletores na Região dos Lagos. Por isso, esse evento é muito importante porque vai auxiliar na regulamentação da atividade - observou Oliveira.

Segundo José Roberto da Fonseca, o potencial de crescimento não é apenas do mercado interno.

- No Brasil o consumo ainda está começando a se intensificar, principalmente na culinária gourmet. Mas o mercado interno ainda é pequeno diante do potencial produtivo que temos. Por isso, a exportação é um lado importante, porque há muitos compradores, especialmente na Europa - informou o diretor do Instituto Ecoengenho.

Atualmente, a pimenta rosa é vendida na Região dos Lagos por um valor médio de R$ 4,00 o quilo. Em Alagoas, no projeto do Ecoengenho, o preço do fruto da aroeira beneficiado pode variar de R$30,00 a R$160,00 o quilo, dependendo da apresentação.

Regulamentação da coleta

Para que os coletores possam fazer a coleta regularmente e sem incertezas em relação à legalidade da extração, é necessário que haja uma autorização do Instituto Estadual do Ambiente (INEA). A regulamentação é necessária porque grande parte da coleta é feita em trechos de Mata Atlântica, que são protegidos por lei.

Atualmente, a norma que regulamenta a atividade extrativista é a Resolução n° 134/2016 do INEA, que estabelece critérios e procedimentos para implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais no estado. A regra ainda não inclui as especificidades do manejo da aroeira, mas segundo Flávio Valente, representante do INEA que esteve no evento para explicar os detalhes do processo de regularização, a intenção é criar um anexo à norma específico sobre a aroeira.

- Nossa intenção é dar legalidade às práticas que já existem, e não afastar os coletores da regularização. Vamos agora agregar as especificidades da atividade à nossa norma para poder facilitar ainda mais sua aplicabilidade e garantir a segurança jurídica dos produtores. As regras têm que atender às necessidades dos agricultores e podem até dar oportunidades de diversificar a produção - destacou Valente.

Parcerias e perspectivas

O evento só foi possível graças ao envolvimento de diversas instituições que formam um grupo de trabalho dedicado especificamente ao estudo da exploração da aroeira. Participam dessa equipe representantes do Ministério da Agricultura, INEA, Emater-Rio, IFRJ (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro), além de especialistas em botânica e gastronomia.

Em novembro, o grupo vai dar continuidade ao trabalho promovendo um novo encontro no qual dois especialistas no manejo da aroeira estarão reunidos com os técnicos das diversas entidades envolvidas na promoção da coleta da pimenta rosa no Rio de Janeiro. A ideia é preparar a equipe para dar orientação aos coletores sobre o manejo adequado das plantas.

Para Ubiraci Soares, presidente da Cooperativa Iramaia, que reúne agricultores familiares de várias regiões do estado, a instrução técnica é um dos passos mais importantes para se estruturar a atividade de extração da aroeira.

- Quando o produtor passa a ter conhecimento sobre as formas de manejo sustentáveis que estimulem a produtividade, é possível que ele aumente sua renda sem muito trabalho. Podemos, assim, ter uma aroeira de ótima qualidade no Rio de Janeiro - prevê o Soares.  

 

Foto: Verônica Lima

 

Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária - http://www.rj.gov.br/web/seapec/exibeconteudo?article-id=2990495

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