Pessoas cegas ou com baixa visão podem ter enorme dificuldade para se localizarem em espaços públicos. Pensando nisso, Dan Abdul Soares Quinto, sócio proprietário da DAS Quinto Comunicação Visual e graduando na Faculdade de Engenharia de Produção, da Universidade Federal Fluminense (UFF), está desenvolvendo placas de sinalização tátil, escritas em braille. O projeto contou com recursos do edital de Apoio à Inovação Tecnológica, da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj), vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia.
A ideia surgiu quando Dan visitou, há cerca de três anos, a feira internacional Reatech de Reabilitação, Inclusão e Esporte Adaptado, em São Paulo, dedicada a criar novas oportunidades de negócios, intercâmbio de experiências e disseminação de conhecimento sobre atendimento, reabilitação e inclusão de pessoas com deficiência.
- Naquele momento, percebi que havia uma demanda para placas de sinalização tátil. Além disso, sempre tive interesse por projetos sociais e acredito que poder incluir em meu ramo de atividades um produto como esse, que, de alguma forma, impacte e possa causar uma transformação positiva na vida das pessoas, se torna um diferencial - disse.
Inicialmente, em uma produção experimental, foram produzidas placas de PVC com furos feitos à máquina, preenchidos com tarugos de metal, para proporcionar o alto-relevo do braille. De acordo com Fernando Quinto, coordenador técnico da empresa, as pessoas com deficiência conseguiam entender, durante os testes, o que estava escrito, mas o material utilizado não era confortável para seus dedos.
- Procuramos uma solução melhor e passamos a preencher os furos com pequenas esferas de metal, que podem também ser coloridas - explicou Fernando.
Desta forma, além de ser mais agradável ao tato, como as bolinhas podem ter diversas cores, também é possível que as informações atraiam a atenção das pessoas que têm baixa visão.
As placas não contêm somente a versão em braille. Todas as informações que traz são em alto-relevo, desde as palavras à figura do bonequinho que nos permite reconhecer se o banheiro é masculino ou feminino.
- Pensamos nisso porque nem todo mundo sabe reconhecer o sistema de leitura em braille. Imagina alguém que perdeu a visão há pouco tempo ou que aos poucos vem enxergando cada vez menos. Essas pessoas provavelmente ainda não aprenderam o braille, mas, tateando letra por letra, reconheceriam, se estivesse escrito, por exemplo, sala de informática em uma placa em alto-relevo - explica o coordenador técnico.
Outro produto fabricado pela empresa, também com o apoio da Faperj, é o mapa direcional. Mais do que uma placa, ele indica para o portador de deficiência visual ou de baixa visão onde estão salas, banheiros e corredores. Ou seja, localiza todas as informações sobre aquele lugar.
Entretanto, como alguém que não enxerga pode achar uma placa de sinalização ou um mapa tátil? Na verdade, essa questão é resolvida por meio de pisos táteis, uma espécie de tapete em PVC ou em borracha, que indica se a pessoa pode seguir em frente, por exemplo. São os chamados pisos direcionais, reconhecidos por conter pequenos retângulos de pontas arredondadas em alto relevo; e os de advertência, informação ou perigo, identificados por suas pequenas bolas.
- No momento em que pisam no tapete de advertência, os cegos ou aqueles que têm alguma deficiência visual sabem que é para procurar a sinalização - afirmou Fernando.
Embora os pisos táteis não sejam fabricados na DAS Quinta Comunicação, são comercializados pela empresa.
Em função do trabalho realizado, que permite maior autonomia a pessoas com deficiência visual, Dan atualmente é um embaixador do movimento Choice, a maior rede de universitários engajados em negócios de impacto social do Brasil. Criada em 2011 para disseminar a discussão sobre o tema nas universidades, o movimento convida universitários, inovadores e empreendedores a participarem do grupo daqueles que pretendem mudar a forma de fazer negócios e contribuir para criar um país com iguais oportunidades para todos.
Fonte: Site Governo do Estado