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Comunicado - Q&A sobre a qualidade da água de recreio no Rio de Janeiro

Comunicado - Q&A sobre a qualidade da água de recreio no Rio de Janeiro

O que afeta a qualidade da água e como ela pode ser controlada?

1 - A qualidade da água de recreio pode ser altamente variável e influenciada por inúmeras fontes de contaminação, como a descarga de resíduos (como esgoto) para o meio ambiente. O esgoto humano, em particular, pode ser uma grande preocupação no que se refere à qualidade da água, pois ele contém diversos microrganismos causadores de doenças.

Fatores como o tempo e o fluxo de água podem aumentar ou diminuir o nível de contaminação. As chuvas, por exemplo, notadamente pioram a qualidade da água, uma vez que podem provocar o transbordamento de águas pluviais e também conduzem a contaminação da terra diretamente para a água. Por outro lado, temperaturas quentes e a luz solar podem tornar inativos microrganismos transmitidos pela água, incluindo vírus e resistentes bactérias, conhecidas como superbactérias.

Medidas podem ser postas em prática para reduzir e/ou limitar a poluição em águas de uso recreativo. Estas podem incluir tratamento de águas residuais, remoção ou desvio de transbordamentos de águas pluviais e o tratamento das águas dos rios. Além disso, como a contaminação da água pode ser desencadeada por condições específicas e previsíveis (por exemplo, chuvas), ações de gestão local, tais como avisos desaconselhando o banho, podem reduzir ou prevenir a exposição das pessoas às águas impróprias. Outras medidas temporárias também podem ser tomadas para melhorar a qualidade da água.

2 - Como a qualidade da água de recreio e banho pode ser avaliada?

Em termos de poluição fecal, as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ambientes seguros de águas recreativas determinam que os mesmos deverão ser avaliados por meio de uma combinação de inspeção sanitária (para determinar as possíveis fontes de poluição) e por testes de qualidade microbiológica da água (para dar informações numéricas sobre o nível real de poluição)

Os testes para a qualidade da água de recreio são feitos por medição de indicadores bacterianos (enterococos intestinais em água doce e marinha e Escherichia coli em água doce), que são comumente encontrados em fezes humana. Visam avaliar a presença de esgoto ou outros tipos de contaminação fecal, ao invés de patógenos específicos, incluindo vírus e bactérias resistentes e seus genes.

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que, em águas poluídas por grande concentração de esgoto, há um risco inerente para a saúde humana (por exemplo, problemas de estômago e infecções respiratórias) e os testes fornecem uma estimativa do risco de doença por exposição. Em uma água de recreio que, por exemplo, tenha concentrações consistentes de menos de 40 enterococos intestinais por 100 ml de água espera-se um risco de doença gastrointestinal inferior a 1% por exposição associado à prática de natação.

Agentes patogênicos específicos não são analisados rotineiramente à medida que sua concentração é medida pelo nível da doença em circulação na população, em um determinado período, e muitos dos métodos de análise são difíceis, dispendiosos e demorados. A indicação de presença de bactérias, no entanto, é sugestiva de uma potencial e vasta gama de agentes, incluindo protozoários,  vírus e bactérias (assim como superbactérias e seus genes), que são normalmente encontrados na água contaminada com fezes.

A combinação de um controle regular da qualidade da água com os resultados de inspeção sanitária permite a classificação das águas de recreio, de acordo com os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS). Muitos países usam as orientações da OMS como base para as suas próprias normas e regulamentos.

3. Por que os níveis de vírus não são usados como indicadores de segurança e qualidade da água?

Embora seja provável que muitas doenças causadas por águas poluídas decorram da presença de vírus, os vírus patogênicos não são geralmente utilizados como indicadores para a qualidade da água. Até a presente data, não há nenhuma relação consistente em estudos epidemiológicos entre a saúde de banhistas e a presença de vírus transmitidos por humanos e animais na qualidade da água avaliada. Vários estudos têm sugerido que a concentração de agentes patogênicos virais chamados bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) podem estar relacionados a níveis de doença em nadadores.

Embora a  Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos esteja considerando desenvolver o monitoramento da qualidade da água tendo o bacteriófago como indicador, não há atualmente normas ou diretrizes neste sentido.

Muitos dos métodos para a medição das concentrações de vírus entéricos humanos em água dependem de técnicas de análise molecular (normalmente de reação em cadeia da polimerase - PCR), que detectam e, por vezes, determinam a quantidade de material genético viral presente na água. Embora alguns destes métodos sejam quantitativos, eles não dão uma indicação precisa de quanto do material genético detectado é realmente infeccioso (isto é, se há presença de vírus capaz de causar infecção). Água morna e luz solar (entre outras coisas) inativam os vírus, mas os métodos de PCR ainda irão mostrar a presença do material genético destes vírus. Embora contagens elevadas de vírus em águas de recreio que utilizam métodos moleculares possam parecer alarmantes, sem que se saiba se o material é infeccioso, é difícil tirar conclusões significativas sobre o risco para a saúde proveniente do uso da água. Desta forma, os indicadores bacterianos continuam sendo o método globalmente aceito para determinar qualidade da água de recreio.

4 - Quais doenças têm sido associadas com a exposição à água de recreio e banho?

O tipo mais comum de poluição nas águas de recreio urbanas são esgotos não tratados ou parcialmente tratados. Fezes humanas e de animais podem transmitir uma ampla gama de doenças, porém a mais comum é a gastroenterite leve, que é geralmente de curta duração e autolimitada em pessoas saudáveis. Os organismos responsáveis ​​por estas infecções incluem vírus, bactérias e protozoários. Estes mesmos microrganismos também podem ser transmitidos através de alimentos contaminados, água potável, contato com outras pessoas ou contato com objetos contaminados. Como resultado, é difícil atribuir diretamente estas doenças a um risco específico de exposição.

Outras doenças que são menos comumente causadas por exposição às águas recreativas e de banho são infecções respiratórias, de pele e infecções de ouvido. Além dos microrganismos presentes em águas de recreio por contaminação fecal humana ou animal, há diversos microrganismos patogênicos nativos de tais áreas ou que, uma vez introduzidos no meio ambiente, são capazes de colonizá-lo. Doenças causadas por estes microrganismos são incomuns, mas podem ocasionar infecção devido à ferida grave ou leptospirose (água fresca apenas).

5 - As águas de banho/recreio no Rio de Janeiro são seguras?

Sabe-se que a água da baía em torno do Rio de Janeiro recebe significativas quantidades de esgoto não tratado proveniente da área urbana circundante, bem como que a qualidade microbiológica da água varia de região para região. A atividade que tem um risco significativo de ingestão de água é a natação, que terá provas na praia de Copacabana. Esta é uma localização adequada para tal prática, onde os níveis de Escherichia coli e enterococos em água estão dentro dos padrões para a recreação de contato primário. Atividades como remo e canoagem na Lagoa de Freitas, e vela, na Baía de Guanabara, são consideradas de menor risco, em função do menor risco de ingestão de água. Monitoramento feito de rotina mostrou, até o momento, que, em alguns pontos (especialmente perto da Marina da Glória e Lagoa de Freitas) a qualidade da água falha no atendimento aos padrões de qualidade da OMS e, desta forma, estes pontos poderiam ser considerados com qualidade de água ruim ou muito ruim.

Na maior parte do tempo, lugares de uso recreativo da Baía de Guanabara têm qualidade de água aceitável (com base em medições de enterococos e Escherichia coli), porém, alguns atletas, que eventualmente tenham contato com água de má qualidade, poderão contrair doenças, como problemas de estômago e infecções do trato respiratório.

Um grande interceptor de esgoto para recolher águas pluviais - o que afeta a qualidade da água na Marina da Glória -  foi recentemente concluído, e agora desvia o esgoto para uma estação de tratamento. O monitoramento da qualidade da água recente, realizado pelas autoridades brasileiras, indica a qualidade da água provavelmente atenderá às diretrizes da OMS, na Marina da Glória. Da mesma forma, medidas de tratamento temporários na Lagoa de Freitas também são suscetíveis de melhorar a qualidade da água para níveis aceitáveis em tempo para os jogos.

6 - O que as pessoas e os atletas podem fazer para evitar doenças em águas de recreio/banho com má qualidade?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma série de vacinas (rotineiras, seletivas e obrigatórias) aos viajantes para o Brasil, dependendo das áreas a serem visitadas. Algumas delas, incluindo a febre tifóide e hepatite A, reduzirão os riscos de doença por exposição à água de má qualidade. A vacina contra a cólera geralmente não é recomendado para os viajantes, a menos que eles tenham estreito contato com os pacientes portadores da doença.

O público pode também procurar referências em websites que informam sobre a qualidade das águas de recreio, classificadas nos termos da legislação brasileira como adequadas ou próprias. Também é recomendado proteger cortes com curativos à prova d´água antes da exposição e evitar o contato com a água por alguns dias após a ocorrência de chuvas fortes.

O grau de exposição para os atletas (espirros de água, ingestão de água, contato de corpo inteiro) dependerá do esporte e as opções disponíveis para minimizar os riscos e dependem do mesmo. Sugere-se que todos os atletas cubram cortes e abrasões com curativos impermeáveis ​​antes da exposição; evitem engolir água; tomem banho tão logo possível após o contato com a água e, na medida do possível, diminuam seu tempo na água e evitem contato com a água após chuvas fortes. Os esportes que não requerem contato direto com a água ocorrerão em lugares não recomendados para o contato de corpo inteiro com a água, por isso, recomendado que os esportistas não mergulhem ou joguem outras esportistas na água.

7 - Qual é o papel da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)?

A Organização Mundial de Saúde, incluindo seu escritório regional na Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), presta assessoria técnica em assuntos de saúde pública para as autoridades brasileiras. A OMS tem uma longa tradição e expertise em planejamento de saúde de massa e assessoria ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao comitê organizadorlocal  para assuntos de saúde relacionados aos visitantes e atletas participantes dos Jogos Olímpicos de 2016.

Referências e leituras adicionais:

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