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Reciclagem inclusiva: parceria inédita - 240 catadores em rede solidária realizam coleta seletiva diretamente das arenas olímpicas

Reciclagem inclusiva: parceria inédita - 240 catadores em rede solidária realizam coleta seletiva diretamente das arenas olímpicas

Pela primeira vez na história das Olimpíadas, cooperativas trabalham com a gestão de resíduos sólidos nas instalações esportivas.

Amigos, vocês devem imaginar como é enorme a quantidade de resíduos gerada em eventos de grande porte, ainda mais com a presença de pessoas do mundo todo. Em momentos como esses, é imprescindível reforçar o trabalho de gestão do lixo produzido, desde quando ele é descartado até a sua destinação final.

Por isso, em uma iniciativa inédita na história dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro conta com o trabalho de 240 catadores em rede solidária que realizam o processo de coleta seletiva diretamente nas arenas esportivas. São 33 cooperativas e três redes, com o apoio de mais 60 catadores na reserva, que participam desse importante projeto de reciclagem inclusiva e conscientização ambiental.

É a primeira vez que uma mobilização como essa acontece durante uma Olimpíada e o Rio de Janeiro será referência para outros países. O projeto foi possível pela iniciativa conjunta da Secretaria do Ambiente e Ministérios do Trabalho e do Meio Ambiente com a Rio 2016 e também com a iniciativa privada. Os uniformes dos catadores, por exemplo, foram viabilizados pela Coca-Cola.

A expectativa é que sejam coletadas cerca de três mil toneladas de materiais por dia, durante as competições das Olimpíadas e Paralimpíadas. O foco das atividades está nos parques olímpicos da Barra, Deodoro e no Complexo do Maracanã, que recebem o maior número de pessoas.

A coleta de todos os materiais recicláveis durante as competições pode ser acompanhada em tempo real através do site Placar da Reciclagem. A plataforma ainda está em versão teste, mas já registra o tipo, a quantidade e o peso de cada material coletado (latas, plástico e vidros), além de informar o volume de recursos naturais poupados com a reciclagem.

Os catadores em rede solidária atuam em duas frentes principais: a educativa, com ações lúdicas e de sensibilização do público para a importância da reciclagem; e a operacional, por meio da separação, transporte e organização do material coletado, no centro de triagem Ecoponto Brasil, para destinação às cooperativas selecionadas.

Esses resíduos são comprados pelas indústrias, que os reutilizam para fabricar novos produtos. Além disso, o lixo reciclado também é reaproveitado de forma criativa na produção de roupas, móveis e até mesmo instrumentos musicais.

Todos os catadores que participam da ação receberam treinamento a fim de se prepararem para as Olimpíadas. E grande parte deles é experiente em coleta seletiva em grandes eventos, pois trabalhou na Copa do Mundo de 2014.

Diversas famílias estão sendo beneficiadas pelo projeto, que é um gerador de emprego e renda. Além de receber uma diária pelo serviço prestado, os catadores terão a venda do material reciclado revertida para eles. Ricardo Alves, coordenador do programa Ambiente Solidário da Secretaria do Ambiente – que abrange o projeto de inclusão de catadores –, explica a iniciativa:

“É a primeira vez na história que os catadores vão receber um valor pelo serviço prestado e depois todo o material reciclado, que está estimado em mais de três toneladas, terá sua venda revertida para eles. É a primeira vez que isso acontece e esse será um modelo de referência a partir de agora.”

A presidente do Movimento Nacional dos Catadores, Claudete Costa, reconhece o projeto de reciclagem inclusiva como uma forma de valorizar os profissionais que trabalham com essa atividade:

“Gostaria de agradecer o empenho da Secretaria de Estado e demais envolvidos, porque, se não estivessem conosco, esse evento não estaria acontecendo e não estaríamos prestando esse serviço. Esse não é só mais um evento em que a gente vai estar prestando serviço, é um evento que traz mais um respeito para nossa categoria, uma luta de anos e anos”.

Depois de uma experiência como essa, os catadores em rede solidária poderão atuar em qualquer evento de grande porte, como Carnaval, reveillon e Rock In Rio. Queremos que esse projeto deixe um legado para a reciclagem no Rio de Janeiro e abra mais mercado para as cooperativas.

Assista ao vídeo do “Projeto de Reciclagem Inclusiva: Catadores nos Jogos Rio 2016” e saiba mais como esse trabalho está sendo realizado.
 

Olimpíadas também contam com a coleta de óleo para reciclagem

A equipe do Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal (Prove), da Secretaria do Ambiente, também estará presente durante os Jogos Olímpicos. O objetivo é realizar a logística reversa do óleo saturado que é produzido nas instalações olímpicas.

O Prove é responsável pela coleta de 150 mil litros de óleo por mês e faz a destinação correta desse resíduo para as cooperativas. Depois de reciclado, esse material é usado na produção de produtos como sabão, detergente e biodiesel, que é uma energia 100% renovável e emite menos poluentes do que o diesel comum.

Essa é uma das iniciativas que fazem parte do Programa Ambiente Solidário, que tem como foco a defesa ambiental, a geração de trabalho e renda e a promoção de parcerias para fortalecer o Plano Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos.

O programa também conta com outras iniciativas, que atualmente passam por estruturação. São eles:

  • Política de logística reversa, que visa reaproveitar os resíduos para novos fins dentro de uma cadeia de produção;
  • O novo Programa de Coleta Seletiva Solidária (PCSS), que vai apoiar essa atividade junto às prefeituras do Estado;
  • O projeto Escolas Conscientes, que vai levar educação ambiental às escolas;
  • As Caravanas Ambientais, que vão realizar  ações nas comunidades;
  • O projeto Entulho Limpo da Baixada (ELB), que ajuda a cidade a destinarem corretamente os resíduos gerados pela construção civil.

Mais do que catadores, gestores ambientais

Os catadores desempenham um papel de suma importância para a sociedade e para o meio ambiente. Ainda assim, é uma das profissões mais marginalizadas do país.

O jornal britânico The Guardian aproveitou para tocar nesse ponto ao divulgar o projeto de reciclagem inclusiva realizado durante as Olimpíadas. E ressaltou também como a perspectiva de vida dos catadores vêm mudando com iniciativas como essa, que geram renda e visibilidade a esses profissionais.

Na matéria, o Secretário Nacional de economia solidária do Ministério do Trabalho, Natalino Oldakoski, reforça que ao combinar preservação ambiental com medidas profissionalizantes, o projeto realizado no Rio de Janeiro se torna um exemplo de que esse é um tipo de trabalho que dá certo.

Lá no Sul, por exemplo, os integrantes de cooperativas de reciclagem já se veem como agentes ambientais. E isso é uma verdade, uma vez que a coleta seletiva, além de preservar o meio ambiente, também tem caráter social.

Em Porto Alegre, a vida de diversas famílias de ex-carroceiros vem sendo mudada pela reciclagem. Mais de 500 pessoas trabalham em 15 galpões que todos os dias recebem toneladas de lixo reciclável. Toda a triagem feita para que o lixo seja prensado e pronto para ser comercializado é feita nesses lugares.

Além disso, os trabalhadores desses galpões têm o acompanhamento de profissionais do projeto Todos Somos Porto Alegre, parceria entre o município e a cooperativa Mãos Verdes.

A reciclagem é um mercado amplo, que abre possibilidade de emprego e renda para diversos cidadãos. Ao mesmo tempo, contribui para a saúde do meio ambiente e aumenta a qualidade de vida da população.

Queremos que esse momento ajude o Rio de Janeiro a virar a chave no que diz respeito à reciclagem e espero que cada vez mais possamos nos conscientizar da importância ambiental e social dessa atividade, dando também um exemplo, que como mostrou o The Guardian, possa ser reconhecido pelo mundo.

Grande abraço!
André Corrêa

 

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