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Soluções criativas promovem uso sustentável do lixo urbano

Soluções criativas promovem uso sustentável do lixo urbano

Iniciativas no Rio de Janeiro reaproveitam resíduos como matéria-prima para produção de roupas, objetos de decoração e instrumentos musicais.

O tempo passa rápido e o Carnaval está chegando ao fim. Nessa época, em que a concentração de pessoas no nosso Estado é ainda maior, devido aos tradicionais desfiles das escolas de samba e blocos de rua, a limpeza urbana é um assunto que ganha atenção redobrada.

Sabemos que o descarte inadequado do lixo gera vários danos ambientais como alagamentos, contaminação dos solos e águas, transmissão de doenças, entre outros problemas. E o Rio de Janeiro está entre os principais produtores de lixo do país, gerando mais de 20 mil toneladas de resíduos por dia.

Além disso, o Panorama dos Resíduos Sólidos, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostra que de 2003 a 2014, apesar do crescimento populacional do Brasil ter sido de 6%, a geração de lixo aumentou 29%. Ou seja, cada brasileiro produziu, em média, mais de 1 Kg de lixo por dia.

O fato é que grande parte desses resíduos é reciclável e pode ser reaproveitada na produção de novos produtos, entre eles roupas, móveis e até mesmo instrumentos musicais. Plantar essa consciência é a proposta do projeto EcoCultural, que foi lançado em novembro do ano passado em Niterói e já está com inscrições abertas! A iniciativa é uma parceria da Secretaria do Ambiente, por meio do Inea, com a Fundação de Artes de Niterói (FAN), pela Prefeitura de Niterói.

Com a proposta de unir cultura e meio ambiente, o EcoCultural tem o objetivo de envolver as comunidades, principalmente os jovens, em atividades criativas que ajudam também a evitar que o lixo seja descartado de forma inadequada e chegue, consequentemente, na Baía de Guanabara.

Nos últimos anos, Niterói vem vivenciando as consequências do alto nível de poluição da Baía, intensificado, principalmente, pelo descarte indevido de resíduos nos rios. E, ao realizar atividades que promovem o reaproveitamento criativo do lixo, o EcoCultural visa criar uma nova cultura de gestão dos resíduos sólidos no município, conscientizando a população sobre a importância da reciclagem e, ao mesmo tempo, promovendo a capacitação para que as pessoas trabalhem com esse material, aumentando as possibilidades de geração de emprego e renda. Ou seja, desenvolvimento local em equilíbrio com o meio-ambiente.

São oferecidos cursos gratuitos, divididos em três módulos principais: EcoModa (com a coordenação do estilista Almir França), Funk Verde (coordenado pela percussionista e musicista Regina Café) e EcoDesign (coordenado por Viviane Martins). No total, estão disponíveis 750 vagas, sendo 250 alunos para cada módulo. As inscrições foram abertas no dia 1º de fevereiro e as aulas começam em março. Haverá aulões com a participação de nomes famosos da música, da moda e do design e a ideia também é estimular a criação de pequenos negócios.

Confira o vídeo de lançamento do projeto.

As inscrições podem ser feitas apenas por moradores de Niterói, por enquanto, nos locais abaixo:

  • Campus Avançado – Rua Coronel Tamarindo 61, Gragoatá
  • Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) – Avenida Carlos Ermelindo Marins 34, Jurujuba

É preciso levar um documento original com foto e um comprovante de residência. Para mais informações, acesse o site do projeto.

Bandas e blocos carnavalescos fazem a festa com instrumentos reciclados

Há alguns anos, conheci Regina Café, uma percussionista com a criativa proposta de transformar o que muitos consideram apenas lixo em instrumentos musicais e, dessa forma, resgatar jovens e adultos por meio da música. O projeto DALAILATA foi idealizado por Regina há 20 anos e envolveu mais de 1.000 jovens fluminenses, que formaram bandas, blocos de carnaval e se profissionalizaram no segmento. Hoje, esse projeto se transformou no Funk Verde, um dos módulos do Niterói EcoCultural.

As atividades do Funk Verde serão desenvolvidas durante 15 meses para turmas de 30 a 35 alunos, com aulas de percepção rítmica, composição de letras e melodias e construção de instrumentos com material reciclado. Além disso, Regina explica que a proposta é que os alunos também se tornem multiplicadores desse conhecimento.

“Além dessa relação humana, em que você pode resgatar pessoas através da música, da produção de instrumentos, harmonias e ritmos, tem a questão de estarmos retirando o lixo da natureza. E acho que um diferencial do Funk Verde é o compromisso que nós temos de ser fiel ao timbre dos instrumentos. A gente estuda, pesquisa. É um trabalho ao mesmo tempo educacional, ambiental e social”, conta Regina.

A sustentabilidade também está na moda

Outra possibilidade de reaproveitar o lixo que é descartado por nós todos os dias é a criação de roupas e acessórios. Esse é o propósito do EcoModa, que também é um módulo do projeto EcoCultural e reaproveita matérias-primas para produzir “looks” originais e sustentáveis.

No ano passado, a iniciativa dividiu a passarela com grifes renomadas no evento Fashion Business Rio, a maior feira de negócios de moda do país. Foram exibidas peças como acessórios, sandálias e roupas produzidas com mangueiras de incêndios que haviam sido substituídas no metrô carioca.

Essa forma inovadora, criativa e ecológica de fazer moda será levada aos alunos do EcoCultural, que poderão aprender na teoria e na prática como aproveitar totalmente os resíduos sólidos e ampliar as possibilidades no mercado de trabalho.

Para o coordenador Almir França, essa iniciativa é uma forma de promover um maior diálogo entre o Estado e a população: “Esse projeto não tem apenas o objetivo de capacitar novos atores, mas também de responder, enquanto Estado, em outras questões, como a da educação, da assistência e dos direitos humanos, principalmente”.

Dicas para fazer uma melhor gestão do lixo em casa

No caso do lixo doméstico, algumas boas práticas são fáceis de adotarmos no dia a dia. Confira as nove dicas que separei abaixo:

  • Em vez de jogar o óleo de cozinha usado na pia, leve-o para a reciclagem. Esse óleo, além de causar entupimento, contamina a rede de água. Aqui na Secretaria do Ambiente te ajudamos a direcionar para a empresa coletora mais perto da sua casa. Basta enviar um e-mail para prove@ambiente.rj.gov.br ou ligar para o telefone (21) 2334-5902;
  • Você sabia que o Brasil ainda joga fora metade das garrafas PET e as nossas indústrias importam esse material? Vamos mudar esse cenário! Separe as garrafas para reciclagem, de preferência amassando-as e fechando a tampa para facilitar a coleta. Essa atitude reduz o acúmulo de lixo e ajuda a gerar empregos;
  • Comece aos poucos a fazer a coleta seletiva na sua casa. Mesmo que você more em um condomínio que não faça esse serviço, tente guardar tudo em caixas separadas e levar o material a um posto de coleta próximo. Comece criando o hábito de separar os resíduos orgânicos dos secos;
  • Ao fazer compras, prefira levar sacola retornável. O saco plástico leva mais de 100 anos para se decompor;
  • Quando um produto puder ser comprado sem embalagem, prefira para reduzir a geração de lixo. Caso não seja possível, no caso das embalagens tetrapack, por exemplo, crie o hábito de lavar e secá-las bem após o uso, dobrá-las e separá-las para reciclagem;
  • Descarte pilhas nos locais corretos, onde elas serão levadas para a reciclagem. O Brasil joga fora cerca de um bilhão de pilhas usadas por ano que, se fossem recicladas, poderiam recuperar toneladas de zinco e manganês, minerais bastante usados na correção de solos para agricultura;
  • Separe latinhas para reciclagem. Uma lata de alumínio reciclado gasta menos energia elétrica para ser produzida. Lembre-se de pisar em cima delas para reduzir o tamanho e facilitar o transporte;
  • Entregue a bateria velha do seu celular na loja para que seja reciclada. Além disso, evite comprar baterias piratas para celular, pois além de durar menos elas podem conter dez vezes mais mercúrio, um dos metais mais tóxicos que existem;
  • Caso você cultive plantas ou tenha um jardim, uma boa prática é separar o lixo orgânico (gerado pelo descarte de alimentos) para realizar compostagem ou minhocários. Essa é uma forma de aproveitamento dos resíduos que gera um composto rico e natural para o adubo de plantas.

Queremos criar uma nova cultura do descarte de resíduos sólidos e juntos podemos melhorar a situação do nosso Estado em relação ao lixo. Aproveitem a folia de forma consciente e, para quem ficar na cidade do Rio de Janeiro, lembre-se que o programa Lixo Zero segue firme no seu segundo ano de atuação, fiscalizando o descarte inadequado do lixo nas ruas cariocas.

Grande abraço,
André Corrêa.

 

 

 

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