Editorial do Jornal do Commercio sobre o lançamento da Campanha da Fraternidade 2016
Ao participar, neste sábado, no auditório da Arquidiocese do Rio de Janeiro, no bairro da Glória, do lançamento do tema da Campanha da Fraternidade de 2016 - "Casa comum, nossa responsabilidade" - secretário de Estado do Ambiente, André Corrêa, destacou o quanto o assunto que o assunto que a CNBB escolheu, para debater com a sociedade brasileira, está associado a questões de saneamento básico, a fim de garantir o desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida dos cidadãos.
Em sua avaliação, aliás, o tema não poderia ser mais oportuno, na medida em que "o maior desafio da atualidade que precisamos vencer é a insegurança hídrica que estamos vivendo", por ele apontada como a maior crise dos últimos 85 anos, o que vai exigir" uma série de medidas no curto e longo prazos", afigurando-se por isso mesmo como essencial, conforme explicitou na oportunidade, a mudança de hábitos na esfera do poder público e da sociedade como um todo. Ele realçou também que a escolha do tema é uma proposta em sintonia com a Encíclica Laudato Si, em que o papa Francisco critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e pede ações efetivas de combate à degradação ambiental e às alterações climáticas.
Para o titular da Secretaria, "cada vez mais a questão ambiental está na agenda de debate e se faz necessária, portanto, uma mudança comportamental, de todos, de todos nós".
Por outro lado, a propósito da situação do rio Paraíba do Sul e dos principais reservatórios que abastecem o Estado do Rio, o Secretário mencionou providências adotadas e que já permitiram a economia de 1,8 trilhão de litros de água para garantir o abastecimento humano. Ainda do lado do governo, não deixou igualmente de explicar a imposição de um novo modelo de operação das indústrias que funcionam no Complexo Industrial de Santa Cruz e a criação do gabinete de segurança hídrica, o qual se reúne todas as quartas-feiras para discutir medidas capazes de minimizar os problemas decorrentes da crise hídrica.
Do lado da população, além de cobrar e pressionar o poder público, o Secretário reiterou que a sociedade também tem considerável parcela de responsabilidade na mudança de comportamento em relação ao consumo de água: "não dá mais para ter os mesmos hábitos do dia a dia: deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes, lavar a calçada ou o carro com mangueira. Ou mudamos a nossa relação com o meio ambiente no amor, ou vai mudar na dor".
Registre-se que já na recente conferência Rio Clima 2015, promovida pelo Instituto Onda Azul e realizada no auditório da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FDBS), em São Conrado, preparatória da 21a Conferência do Clima (COP 21), qual ocorrerá em dezembro em Paris, o secretário do Meio Ambiente ressaltara o quanto eventos como esse podem facilitar a estruturação de uma política de redução das emissões de carbono e contribuir para enfrentar o que considera o maior desafio da Região Sudeste no momento: a crise hídrica. Referindo-se ao programa Pacto pelas Águas, por ele lançado, admitiu serem as respectivas metas "ainda muito modestas, de 22 mil hectares de plantio, e investimento de R$ 210 milhões em sete anos, ou seja, um primeiro passo, mas ainda muito distante da reais necessidades para o seu enfrentamento".
De qualquer modo, como se verifica, a problemática ambiental se erige cada vez mais como irrecusável, a exigir a conjugação de esforços em todos os níveis para a sua superação, antes que as consequências se façam sentir de forma ainda mais intensa, em desconformidade com tudo aquilo que a realidade reclama e o bom senso, decerto, aconselha.