Aulas fazem parte do projeto De Olho no Lixo, que já recolheu 264 toneladas de lixo na comunidade
RIO — De um banner surgiu uma mochila. De pedaços do jeans, um vestido. E de caixinhas de suco, uma bolsa de praia. A moda do século XXI é sustentável e tem fortes pilares na reciclagem e na redução de materiais químicos. Inseridos nesta corrente, moradores da Rocinha, por meio do curso Ecomoda, do projeto De Olho no Lixo, lançaram uma coleção inspirada nos becos da comunidade, com cartela de cores laranja e amarela, em referência ao Nordeste. São 238 peças produzidas à mão, com restos de tecidos e plásticos, entre outros materiais. O projeto acaba de formar a primeira turma na comunidade, e a ideia é que a partir de agora uma cooperativa seja criada para dar continuidade à proposta.
— Queremos que as peças feitas aqui entrem no mercado da moda. Buscamos embrionar o novo empreendedor da Rocinha, além de tentar diminuir o impacto ambiental — explica o estilista e coordenador do Ecomoda, Almir França.
Rejane Cid explica que o curso não só a ensinou a reaproveitar os materiais descartados como a entender melhor a cartela de cores e a montar as roupas com mais coerência.
— Quero participar da cooperativa e usar a técnica. Agora todo lixo, todo retalho que vejo, pego para reutilizar — conta.
O desfile da coleção aconteceu na Quadra da Roupa Suja e foi animado pelo som do Funk Verde, grupo proveniente de outro curso do De Olho no Lixo que ensina música com instrumentos de material reciclado. A cuíca, por exemplo, foi feita com canos de PVC. Coordenado por Regina Café, o grupo teve a participação do cantor e compositor Gabriel Moura.
Desde o início do projeto na Rocinha, em maio deste ano, já foram recolhidas 264 toneladas de resíduos. O programa é uma parceria da Secretaria de Estado do Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente e do Viva Rio Socioambiental, com recursos da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro. Para o secretário André Corrêa, os cursos são uma forma de desenvolver uma política de educação ambiental através da cultura.
— Não tenho dúvida de que é uma maneira lúdica de as pessoas mudarem de comportamento em relação à questão ambiental. Elas se envolvem e os projetos deixam uma marca — diz Corrêa.
Por Júlia Amin
Foto: Júlia Amin
Fonte: O Globo - http://oglobo.globo.com/rio/bairros/curso-ecomoda-na-rocinha-cria-coleca...
