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Força-tarefa para salvação da espécie

Força-tarefa para salvação da espécie

Ação na Serra da Tiririca tenta impedir que animais invasores levem à extinção população de micos-leões-dourados

Visitantes indesejados têm tirado o sono dos biólogos, ambientalistas e funcionários que trabalham pela manutenção do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset). Tratam-se de micos-leões-de-cara-dourada, os simpáticos primatas de aproximadamente 30 cm e pouco mais de meio quilo se proliferaram na região do Parque e correm o risco de entrar em contato com seus parentes micos-leões-dourados, causando um grande desequilíbrio que pode levar, inclusive, à extinção desta segunda espécie. Os cara-dourada são considerados animais exóticos invasores, pois estão longe do seu habitat natural, nas matas localizadas entre o sul da Bahia e o nordeste de Minas Gerais.

O Peset possui uma área de 3.493 hectares entre Niterói e Maricá. De acordo com o Inea, os 1.600 indivíduos da espécie ameaçada encontrados atualmente na natureza estão distribuídos entre os municípios de Cabo Frio, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Silva Jardim, Araruama, Rio Bonito e Saquarema. Para evitar o encontro entre as duas espécies no Peset, foi criada uma força-tarefa. De acordo com Felipe Queiroz, coordenador de Pesquisa, Monitoramento e Manejo de Ecossistemas do Peset, eram estimados inicialmente 200 micos-leões-de-cara-dourada em 2012, quando foi iniciado o programa de remoção dos animais. Só de lá para cá já foram encontrados um número quase quatro vezes maior de acordo com o Instituto Pri-matas, responsáveis por esse trabalho. “O Objetivo é erradicar esta espécie no Parque Estadual da Serra da Tiririca para que não venha a se expandir e começar a disputar território com a espécie nativa e ameaçada de extinção, que é o mico-leão-dourado. O grande perigo, se houver o encontro, é a possível hibridação das espécies, perdendo toda carga genética e possivelmente levando o nativo mico-leão-dourado à extinção”, revela.

Hibridação, como explica a bióloga Litória Meireles Demier, é o processo de reprodução entre dois animais de espécies diferentes. As novas criaturas provenientes desse processo são chamadas de mestiças ou simplesmente animais híbridos. “Um exemplo bastante simples de animal híbrido é o caso do burro ou da mula, resultante do cruzamento da égua e do jumento. Nem todos os animais híbridos são estéreis, que ocorre devido a problemas cromossômicos no processo de meiose, pois frequentemente o cruzamento entre os híbridos se dá entre espécies com número de cromossomos distintos. Assim, as células desses animais vão possuir um número híbrido de cromossomos que terão dificuldades em formar pareamento. Geralmente, surgem novas espécies de animais híbridos na natureza quando alguns animais passam a ter comportamentos diferentes, se isolando do restante do grupo. Além disso, devido à variabilidade genética, alguns animais podem apresentar cores e algumas pequenas diferenças em relação à maioria, os tornando atrativos sexualmente para espécies diferentes da sua”, afirma, lembrando que a diferença entre o mico-leão-dourado e o mico-leão-de-cara-dourada está na cor da pelugem, enquanto o primeiro é predominante dourado, o segundo só tem essa coloração em volta da cabeça, tendo o restante dos pelos na cor escura.

Uma vez retirados do Peset, os animais são levados para o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) localizado em Guapimirim, na Região Serrana do Rio, onde são analisados e colocados em quarentena antes de serem realocados para seu estado de origem ou para criadouros e zoológicos legalizados. “Fazemos os exames clínicos de todos os animais capturados para não correr o risco de levar qualquer tipo de doença para onde forem designados. Os animais que apresentarem qualquer tipo de alteração nestes exames permanecem no cativeiro e são tratados. Para não superlotar a área e para aumentar as chances de sobrevivência e expansão das famílias que foram soltas na Bahia, alguns grupos de micos-leões-de-cara-dourada permanecem  em cativeiro e estão sendo encaminhados para zoológicos e outras instituições”, explica melhor a doutora Cecilia Kierulff Coordenadora do Programa de remoção dos micos-leões-de-cara-dourada, do Instituto Pri-Matas, que faz questão de ressaltar que as famílias não são separadas no processo.

Ela conta que o problema começou há cerca de 20 anos quando um morador que mantinha ilegalmente micos-leões-de-cara-dourada em sua residência soltou alguns na floresta, que atualmente faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Com o tempo eles foram se reproduzindo e passaram a ocupar toda a região. “Como usam os mesmos tipos de ambiente, se alimentam das mesmas coisas e usam os mesmos locais para dormir (ocos de árvores) que o mico-leão-dourado, a espécie invasora pode competir e expulsar o mico-leão-dourado da região”, afirma Cecília que também é pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBT) no CEUNES-UFES.

Por fim, ela deixa um recado para a população da região. “Para os moradores dessa região de Niterói, Maricá e São Gonçalo é um privilégio ter no fundo do quintal uma área de floresta tão grande e protegida. Para garantir esse benefício não só para os moradores, mas para todos que se importam com a conservação de um dos últimos representantes de mata Atlântica, todos precisam ajudar e cuidar com carinho dessa floresta tão maravilhosa, protegendo e respeitando a floresta e os animais que vivem nela”, afirmou.

Para quem quiser colaborar com o trabalho feito pela equipe do Peset pode entrar em contato pessoalmente na sede, localizada na Rua Domingos Mônica Barbosa, 4 Recanto de Itaipuacu, em Maricá. Telefone 2638-4411.

Fonte: O Fluminense - http://www.ofluminense.com.br/pt-br/cidades/for%C3%A7a-tarefa-para-salva...

 

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