RIO - Uma frigideira quebrada, jogada fora por uma dona de casa, virou um tamborim. Um cano de PVC descartado numa obra foi transformado em repinique. E o amortecedor, que provavelmente despencou de algum carro, “renasceu” como um agogô. Nas mãos de alunos da oficina Funk Verde, o lixo da Rocinha não desafina e, depois de alguns arremates, adaptações e testes, ganha vida, dando origem a vários instrumentos musicais.
O projeto, que faz parte do programa “De olho no lixo: transformando resíduo em arte, cultura e educação”, da Secretaria estadual do Ambiente, oferece aulas de percussão e teoria musical, além de ensinar técnicas de reaproveitamento de material descartado. O resultado agradou tanto que, semana passada, a oficina foi levada para uma outra favela, a Roquete Pinto, em Ramos.
Coordenadora das aulas de música do projeto, a percussionista Regina Café explicou que as oficinas misturam teoria e prática musical, técnicas de confecção de instrumentos e educação ambiental:
— É tudo uma questão de olhar. Nas aulas, sensibilizamos os alunos para não enxergarem os resíduos apenas como lixo. Se você aprende a entender todas as faces daquele produto, verá que, de garrafas de vidro, por exemplo, podem surgir reco-recos e agogôs.
Durante os cursos do Funk Verde, com duração de 25 meses, os estudantes também aprendem a identificar a musicalidade das matérias-primas. É preciso, por exemplo, conhecer o timbre de cada peça.
O guarda-vidas de piscina Thiago Rodrigues já produziu um surdo com tonel de plástico:
— Quero aprender a tocar e a fazer todos os instrumentos.
Além da oficina musical, o projeto tem uma versão fashion, batizada de Ecomoda, pela qual já passaram 50 moradores. Eles aprendem a produzir vestidos, bolsas e acessórios com material reciclado.
Por SIMONE CANDIDA
Foto: Divulgação/Secretaria
Fonte: O Globo - http://oglobo.globo.com/rio/projeto-funk-verde-mistura-aulas-de-musica-e...