As 17 ecobarreiras que operam no Estado já removeram das águas fluminenses cerca de 12.000 toneladas de resíduos
Amigos, faltam poucos dias para entrarmos na estação mais quente do ano que, além das altas temperaturas, traz também a chamada “chuva de verão”. Muitas vezes ela chega sem avisar e causa as temidas enchentes, bastante conhecidas principalmente por quem mora próximo aos canais, rios e valões.
A principal causa de alagamento nas cidades continua sendo o lixo jogado nas ruas, que além de entupir bueiros e galerias d’água chega à Baía de Guanabara por meio dos rios que estão ligados a ela e que cortam boa parte dos municípios do Estado. Portanto, se continuarmos nesse ritmo de produção de lixo, não há esforço possível que dê conta desta situação.
A operação de ecobarreiras tem o objetivo de conter lixo flutuante na Baía facilitando a remoção e preservando a vida marinha e também a melhora da qualidade das águas da região metropolitana. No entanto, reduzir o lixo de superfície que vemos atualmente na Baía é um trabalho que ocorre a longo prazo e passa pela educação ambiental de todos nós.
Este é um sistema de contenção que foi implantado nos 17 rios responsáveis por 85% dos resíduos levados para a Baía de Guanabara. Hoje são 17 ecobarreiras que trabalham para retirar parte do lixo flutuante.
Este trabalho faz parte de um grande plano para recuperação da Baía, que conta também com o monitoramento constante da qualidade da água, feito pelo Inea. Conseguimos que este sistema se tornasse uma política pública permanente de preservação ambiental do nosso Estado.
E os números mostram isso: na primeira fase de operação das ecobarreiras, de agosto de 2015 a novembro de 2016, foram retiradas 5.043 toneladas de lixo. Já este ano será fechado com cerca de 7.190 toneladas de lixo removidas.
Ou seja, ao considerar todo o período de operação das ecobarreiras até agora já recolhemos cerca de 12.234 toneladas de resíduos acumulados nos 17 pontos. Estamos falando do equivalente a 3.400 caminhões de lixo de 12 m³ que deixaram de sujar a Baía de Guanabara.
Para ter uma dimensão melhor deste trabalho, apenas a nova ecobarreira do Canal do Cunha, próxima à comunidade Roquete Pinto, evitou que 208 toneladas de resíduos sólidos chegassem à Baía no mês de junho.
Junto com o Rio Estrela, em Duque de Caxias - que também ganhou uma ecobarreira - este é um dos lugares em que mais chega lixo da área metropolitana.
Outro bom exemplo é a ecobarreira no Rio Imboaçu, em São Gonçalo, implantada no mês de julho. A média mensal de lixo retirado no local é de 2,2 toneladas. Desde o início da instalação, a ecobarreira do Imboaçu já removeu 6,5 toneladas de resíduos.
Apesar de ser um sistema que é permanente em países até melhores que o Brasil neste quesito, esta é uma medida que não era nem para estar existindo. Somos cerca de 11 milhões de pessoas no entorno da Baía. Imagina onde vamos parar se continuarmos com o descarte incorreto de lixo nas ruas, rios e praias?
Aquele lixo que parece que não vai dar em nada, como garrafinhas que você deixa cair no show, papel de bala, bituca de cigarro e chicletes acabam chegando, mesmo que em pequenos pedaços, nos corpos hídricos. Isso sem falar no descarte de lixo diretamente nos rios, que gera alta contaminação das águas.
Carlos Ramos, responsável pelo projeto Limpa Rio, que promove a recuperação ambiental dos corpos hídricos fluminenses por meio de ações de limpeza e desassoreamento, fala sobre o legado deixado pela operação das ecobarreiras no Rio de Janeiro e o papel social da iniciativa:
"Através desse projeto geramos 30 empregos diretos, parte disso de dentro das próprias comunidades que ajudam na operação do sistema de recolhimento de lixo. Os resultados são visíveis no próprio ambiente onde o projeto foi implantado, pois onde havia cenários degradados e abandonados passamos a ter um ambiente recuperado. Conseguimos trabalhar medidas mitigadoras que melhoraram muito a situação do espelho d'água da Baía da Guanabara na gestão do André Corrêa".
No meio do caminho tinha um lixo
Você sabe o que acontece com os resíduos que você descarta, às vezes sem querer, na natureza? Veja só:
A geração de lixo marinho é a ponta do nosso problema. Grande parte do lixo descartado indevidamente no Rio de Janeiro chega de alguma forma à Baía de Guanabara.
E fazer essa manutenção custa caro: para cada tonelada de resíduos coletados pelas ecobarreiras são gastos cerca de 5.600 reais. Vale lembrar que o dinheiro que é gasto aqui é seu, vem do seu bolso, e poderíamos investir em outras coisas. Logo, a responsabilidade em relação ao descarte de lixo é de todos.
Guido Gelli, consultor ambiental do Plano de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM), dá alguns exemplos de por quê vale mais parar de sujar do que limpar a Baía: “Barreiras flutuantes existem em outras importantes cidades, como no rio Tâmisa que corta Londres e no rio Sena que corta Paris. Mas, existem apenas para recolher os resíduos eventuais e assegurar a estética daqueles rios. A coleta e destinação adequada do lixo deve ser objeto de especial atenção, até mesmo para conscientizar a população do entorno a valorizar a limpeza do espelho d'água da Baía, interrompendo o lançamento de lixo em terrenos baldios e em suas águas e cobrando das prefeituras a coleta e destinação do lixo aos aterros sanitários”.
Que tal dar nova utilidade ao lixo antes que ele chegue ao ambiente?
Uma forma de mudar a mentalidade de que lixo bom é aquele que não se vê para onde vai é por meio de programas de reciclagem, que geram emprego e renda. Com o projeto De Olho No Lixo, por exemplo, queremos reduzir os resíduos que chegam às 17 ecobarreiras instaladas nos principais rios que deságuam na Baía de Guanabara, o que é possível por meio de coleta seletiva e reaproveitamento em instrumentos musicais, peças do vestuário e até de design.
Temos também o programa Ambiente Solidário, que tem expandido sua atuação no Estado por meio de projetos socioambientais. No dia 18 de dezembro, será a vez de Santa Maria Madalena, no Centro Fluminense, receber pela primeira vez uma ação do programa. O prefeito Beto Verbicário fala sobre a expectativa de transformar o município na Capital Fluminense da Reciclagem:
“Foi com muita alegria que recebemos a notícia de que nosso município seria contemplado com este projeto. E o deputado André Corrêa não mediu esforços para que formássemos esta parceria. Sabemos que ao implementar a coleta seletiva estaremos trabalhando para proteger o meio ambiente, bem como proporcionando geração de renda aos munícipes vinculados ao sistema de cooperativismo. Não podemos deixar de lembrar que com isso o município também receberá recursos oriundos dos novos índices que teremos no cálculo do ICMS Ecológico. Por isso, desde já agradecemos a toda a equipe do INEA e da Secretaria de Estado do Ambiente”.
Este lançamento faz parte de uma estratégia do programa de trabalhar como referência dois contrapontos na implantação da coleta seletiva: a cidade do Rio de Janeiro, com seus cerca de seis milhões de habitantes, e realidades menores como a de Santa Maria, que tem cerca de 10 mil habitantes. Ricardo Alves, que coordena as ações do Ambiente Solidário no Estado, fala sobre os resultados esperados:
“A partir do diagnóstico do trabalho realizado nestas duas cidades, a ideia é expandir o projeto de coleta seletiva para outras regiões a partir de 2018. Em Santa Maria Madalena vamos partir do zero e a nossa meta é alcançar, ao final de um ano, um aumento de 10% nas ações de reciclagem realizadas. Esta foi uma solicitação do prefeito e o município tem todos os elementos técnicos para isso. Vamos utilizar também pela primeira vez, a partir destes dois núcleos, um novo modelo de compostagem de materiais orgânicos, com uma máquina capaz de transformar, em apenas uma hora, 100 Kg de restos de comida em adubo, a ser distribuído para pequenos agricultores e hortas comunitárias”.
Além disso, por meio de outro trabalho promovido pelo Ambiente Solidário, o PROVE - Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais, conseguimos a doação de um veículo que será entregue no final de dezembro ao Lar Memei, em Valença, que mantém 50 crianças carentes do município. Desta forma, o Lar poderá coletar o óleo de cozinha usado na cidade e, além de dar a destinação ambientalmente correta, gerar renda para ajudar a manter as crianças da instituição.
Se antes mesmo de descartar o lixo pensássemos em novas utilidades para dar a ele, o Rio de Janeiro e nós mesmos só teríamos a ganhar, com mais qualidade de vida, menor impacto ambiental, melhora da saúde, por evitarmos doenças ligadas ao saneamento básico, e sem dúvida, maior valorização do nosso Estado.
Se você ainda tiver dúvidas de como descartar melhor o seu lixo e contribuir para o ambiente onde vive, fale comigo pelo meu site ou nas redes sociais.
Estamos juntos nessa!
Grande abraço,
André Corrêa