Marinha autoriza início da instalação de estacas na foz do Rio Guandu para reduzir intrusão de água salina da Baía de Sepetiba
A Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências (Aedin), que reúne Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas, entre outras, teve autorização da Marinha para iniciar a instalação de estacas submersas, com o objetivo de melhorar a captação de água na foz do Rio Guandu, na Zona Oeste do Rio. A medida foi considerada, por empresários e pelo governo, a mais adequada a curto prazo para enfrentar a crise hídrica e o período de estiagem.
Cravadas nas bordas e no leito, estacas de metal ajudarão a “represar” a água salgada que invade o rio pela Baía de Sepetiba. Essa intrusão salina, presente nas camadas mais profundas do Guandu, tem ocorrido com frequência desde meados do ano passado, quando houve forte queda na vazão do Rio Paraíba do Sul. As indústrias do polo de Santa Cruz, às margens do Guandu — um prolongamento do Paraíba —, são as mais afetadas pela estiagem. Os processos industriais dessas empresas não podem ser abastecidos por água salgada.
As intervenções, financiadas pelas próprias indústrias, terão duração de seis meses. Somente em maio, segundo o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, a CSA teve que desligar seu alto-forno em duas ocasiões, por conta da salinização das águas.
— Essa é a obra de curto prazo mais estratégica para enfrentarmos a crise hídrica. Com menos intrusão salina, poderemos reservar mais água no Paraíba do Sul. Um grande volume de água doce hoje é usado para empurrar essa água salgada, ajudando as empresas — disse Corrêa.
Além da instalação das estacas no leito do Rio Guandu, a CSA terá que mudar seu ponto de captação para 2,2 quilômetros rio acima, onde a influência das águas salgadas é menor. No entanto, a siderúrgica informou que essa intervenção ainda não tem licença do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
A expectativa do secretário André Corrêa é que as obras, quando concluídas, permitam uma economia de 15 metros cúbicos por segundo, fundamental para evitar qualquer risco de desabastecimento na Região Metropolitana do Rio.
— A crise hídrica não passou. Estamos entrando no período seco, com um volume útil de 16% nos quatro reservatórios do Paraíba do Sul. Na mesma época, no ano passado, estávamos com 32% — advertiu o secretário do Ambiente. — A Cedae tem conseguido operar com eficiência, mesmo com uma vazão de 85 metros cúbicos por segundo chegando à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu. A meta é conseguirmos reduzir um pouco mais.
Fonte: O Globo