Com 36 anos de existência, Centro de Primatologia tornou-se uma referência mundial no estudo de várias espécies ameaçadas, como o mico-leão-dourado
O trabalho de proteção aos primatas desenvolvido pelo Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) é o tema da publicação lançada nesta sexta-feira (06/11), no Palácio Guanabara, pelo governador Luiz Fernando Pezão e pelo secretário estadual do Ambiente, André Corrêa. Administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o centro desenvolve, em parceria com instituições nacionais e internacionais, programas que subsidiam a atuação pública para a conservação das espécies.
A publicação, com 294 páginas, traz a história do Centro, que completa 36 anos na próxima segunda-feira, e os principais projetos de pesquisa desenvolvidos, que abrangem temas como nutrição, reprodução, comportamento, patologias e conservação do ambiente dos primatas. Com 230 exemplares de várias espécies, o CPRJ tornou-se uma referência mundial num tema em que o Brasil se destaca, já que o país abriga 25% das espécies de primatas. Na Mata Atlântica, onde vivem 23 das 128 espécies brasileiras, 70% delas estão sob algum grau de ameaça.
O governador Luiz Fernando Pezão ressaltou o trabalho dos professores Alcides Pissinatti, atual diretor do CPRJ, e seu antecessor, Aldemar Coimbra Filho:
- São dois servidores que deixam um legado para o país e para o mundo. Recebemos 50 passes para condutores da tocha olímpica, e decidi que serão destinados a servidores ou ex-servidores, pessoas que dedicaram sua vida ao estado. As pessoas vão poder entrar na internet e indicar esses servidores. Aqui já temos dois candidatos – disse o governador.
Para o secretário do Ambiente, a publicação é uma forma de ampliar o conhecimento a respeito da instituição, que é ainda pouco conhecida. “A preservação e a conservação da biodiversidade são relevantes, inclusive, para a questão da crise hídrica que estamos vivendo”, disse André Corrêa.
De acordo com o secretário, a publicação representa, ao mesmo tempo, um exemplo da atuação na conservação da fauna brasileira e de serviço público, através da dedicação de seus dois dirigentes.
- É graças ao trabalho de pessoas como os professores Coimbra e Pissinatti que o Centro de Primatologia tornou-se referência em termos de pesquisa científica e espécies como o mico-leão-dourado puderam ser preservadas. Agradeço ao governador por abrir as portas do Palácio Guanabara para homenagear estes dois grandes brasileiros.
Primeiro diretor do CPRJ, o professor Adelmar Coimbra Filho assinalou que os primatas são importantes para a sobrevivência da espécie humana:
- O homem é um primata e depende, há muitos anos, das pesquisas que estão sendo feitas com macacos e saguis de um modo geral. A espécie humana difere muito pouco de chimpanzés e gorilas, em termos genéticos – disse o professor.
A atuação dos servidores e parceiros do CPRJ foi ressaltada pelo atual diretor, Alcides Pissinatti, para quem o livro mostra como é possível e absolutamente indispensável o trabalho para a manutenção da qualidade ambiental.
Autores do prefácio, os pesquisadores Russell Mittermeier e Anthony B. Rulands também compareceram ao lançamento. Mittermeier, Chefe do Grupo de Especialistas em Primatas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), emocionou-se ao relembrar suas primeiras visitas ao Brasil, ainda na década de 70, quando conheceu Coimbra Filho.
- É um momento histórico, porque estamos aqui homenageando dois pioneiros, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, em termos de conservação. Quando estive pela primeira vez no Brasil, em 1971, só havia um primatólogo – Aldemar Coimbra. Daqui a poucos dias, estaremos num evento em Manaus, onde haverá cerca de mil. E muitos destes estão em posições de grande influência, tanto no país quanto internacionalmente – disse Mittermeier.
O presidente do Inea, Marcus Lima, também esteve presente à solenidade, realizada no Salão Nobre do Palácio Guanabara. A publicação Centro de Primatologia do Rio de Janeiro vai estar disponível em breve para download no site do Inea (www.inea.rj.gov.br).