O caminho para reverter o cenário de tratamento de esgoto, não depende apenas de investimento, mas também de conscientização ambiental.
Amigos, vocês acreditam que segundo o jornal O Globo, metade da população brasileira ainda não tem acesso a saneamento básico? Apesar de básico, o serviço é escasso em diversas partes do mundo. Essa é a grande dívida ambiental do nosso país.
De acordo com a ONU, 75% dos empregos do planeta dependerão de água nos próximos anos. Por isso, o acesso e tratamento desse recurso serão determinantes para a geração de trabalho e crescimento da economia. Na América Latina, um estudo da ONU em parceria com a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que para cada milhão de dólar investido em esgotamento sanitário 100 novos empregos serão gerados.
Além do benefício econômico, investir em saneamento é uma questão de saúde pública. Apenas com o acesso amplo à água potável e esgotamento sanitário é possível erradicar a fome, a pobreza e acabar com doenças relacionadas à má qualidade da água e falta de higiene.
Hoje, o Rio de Janeiro apresenta taxas melhores do que a média do país quando o assunto é fornecimento de água e coleta de resíduos. Niterói, por exemplo, já ocupa a primeira posição no Estado e a sexta no país em saneamento básico graças ao Projeto Se Liga, uma parceria da Secretaria do Ambiente, através da Superintendência da Baía de Guanabara, INEA e Prefeitura de Niterói, e da Concessionária Águas de Niterói, que até o momento já promoveu a ligação de mais de 971 imóveis à rede oficial de esgotamento da cidade, destes 91% já se conectaram, índice mais do que satisfatório, que representa a interrupção do lançamento indevido de 286 mil litros de esgoto por dia.
Estamos trabalhando para ter uma virada no que diz respeito ao tratamento de esgoto no Estado, mas muitas dessas mudanças dependem diretamente da forma como lidamos com o lixo e preservamos nossas águas.
A hora de agir é agora
Quando falamos em saneamento básico, consideramos o acesso a serviços como: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e conservação das águas pluviais urbanas. Ou seja, medidas essenciais para a vida em comunidade.
E as mais prejudicadas pela falta de saneamento são as crianças que tendem a brincar em áreas externas e nos rios e córregos, do interior do Estado, e não podem ficar expostas aos focos de doenças que o lixo despejado de forma irregular pode atrair.
Não podemos esquecer também que, não faz muito tempo, intensificamos o combate ao Aedes aegypti no Rio de Janeiro. É justamente em locais com excesso de resíduos sólidos que começam os surtos de zika vírus, dengue, febre amarela e chikungunya, e podemos fazer a nossa parte para evitar que aconteçam.
Investir em saneamento básico é um caminho seguro para restaurar a qualidade de vida em uma comunidade. Separei sete boas práticas que impactam diretamente nesse cenário:
1) Descartar corretamente o lixo produzido: embora esse seja um problema de destinação de resíduos, o lançamento de lixo nos solos, mares, rios e lagoas ainda é uma das principais causas da degradação ambiental. Ações que ajudam a mudar esse cenário envolve não jogar lixo orgânico, entulho, pneus usados na rua, nas encostas e terrenos baldios e se preocupar em separar resíduos orgânicos dos recicláveis;
2) Acabar com as ligações clandestinas e vazamentos: do total de água tratada no Brasil, cerca de 35% é perdida em vazamentos devido às ligações clandestinas. Em São Paulo, por exemplo, 30% dos investimentos são para repor a rede de abastecimento. Trata-se de um crime ambiental que prejudica a cidade e seus moradores;
3) Não acumular água parada: reter água em recipientes, pneus, garrafas e vasos de planta é um prato cheio para a reprodução do Aedes aegypti. Sem falar no acúmulo de sujeira nesses locais. Mantenha suas caixas d’água com a tampa;
4) Promover o reuso da água: cada vez mais aumenta o número de indústrias que investem em centros de tratamento e reuso da água em suas instalações. Condomínios, academias, hoteis e até residências são provas de que isso já pode ser feito. Dessa forma, o esgoto é previamente tratado e a água é reutilizada em atividades como o resfriamento de turbinas, por exemplo. Uma cadeia de produção limpa do início até o descarte!
5) Descartar corretamente o óleo de cozinha usado: você sabia que jogar óleo pelo ralo pode entupir a tubulação da sua casa, além de comprometer as redes públicas de esgotamento sanitário? Entre em contato com o PROVE, pelo telefone (21) 2334-5902, de segunda a sexta-feira, de 10 às 18h ou pelo e-mail: ambientesolidario.prove@gmail.com e veja como solicitar a retirada do óleo em seu condomínio ou estabelecimento comercial;
6) Se preocupar com o esgoto coletado na sua casa: você sabe para onde vão os resíduos que saem da sua residência? É importante estar atento e denunciar práticas como o uso de fossas ou despejo sem tratamento nos rios e córregos, mares e lagoas. Se souber de alguma dessas irregularidades, fale comigo.
7) Valorizar a educação ambiental: diversos profissionais se dedicam a orientar a população sobre o uso inteligente da água e preservação desse recurso. Os “leituristas”, ou agentes comerciais, por exemplo, ajudam a identificar vazamentos de água, consumo ou qualquer outra dúvida relacionada a saneamento. Já os assistentes sociais distribuem informativos, promovem reuniões com moradores, palestras e pesquisas que orientam a população sobre o tema.
Esses são hábitos que precisam ser valorizados e incentivados na comunidade em que vivemos, pelo nosso bem-estar de nossas famílias e crianças. Garantir o acesso ao saneamento básico é uma luta de todos nós.
Rio de Janeiro tem ações integradas em prol do saneamento
Na Secretaria de Estado do Ambiente mantemos uma articulação constante com cada município para implantar e acompanhar ações voltadas para o saneamento. Isso envolve a elaboração de planos municipais, segurança hídrica, ampliação de sistemas de coleta e tratamento de esgoto, ligação das estações de tratamento (ETEs) às redes de esgoto e educação ambiental.
A operação de ecobarcos e ecobarreiras para remover o lixo flutuante na Baía de Guanabara foi um legado deixado pelas Olimpíadas Rio 2016. Em apenas seis meses de operação, foram retiradas três mil toneladas de lixo. Hoje, um total de cerca de 12 ecobarcos trabalham em conjunto com um sistema de 17 ecobarreiras para reter resíduos em 17 rios responsáveis por 85% do lixo levado à Baía de Guanabara.
Outro trabalho que desde 2007 soma esforços para a recuperação ambiental das nossas águas é o Programa Limpa Rio, que faz a limpeza e a manutenção dos leitos e margens dos corpos hídricos em todo o Estado. Mais de 550 rios, córregos, lagos e lagoas já foram desassoreados pelo Inea em diversos municípios.
Apesar da estrutura montada para remover o lixo que desemboca na Baía, é necessário conscientizar a população para que os resíduos descartados nem cheguem ao meio ambiente. Por isso, o projeto socioambiental De Olho no Lixo - Baía de Guanabara promove um trabalho de educação, coleta e destinação adequada do lixo dentro de comunidades como a Rocinha e Roquete Pinto, em Ramos. Algumas ecobarreiras que hoje atendem ao Canal do Cunha serão transferidas às Lagoas da Barra para sanar a carência daquela região. Importante lembrar que os resíduos reciclados recolhidos até o momento são utilizados por jovens, por exemplo, para criar instrumentos musicais e roupas que você pode verificar aqui:
Encaro esse desafio contando com o apoio da população e com o instrumento que agora temos em mãos, que é a educação ambiental. Continuo investindo esforços para retomar esse trabalho, que antes de ser tratado como uma questão política, é para nós, uma questão de saúde pública.
Conto com você para participar também dessa corrente ambiental pelo saneamento no Rio de Janeiro. Acesse nosso e-book sobre o tema e entenda por que essa é uma das principais preocupações atuais das lideranças globais.
Grande abraço,
André Corrêa