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Fiscais do Inea usam helicóptero para flagrar desmatamento no Rio

Fiscais do Inea usam helicóptero para flagrar desmatamento no Rio

Instituto interdita condomínio irregular à beira de lagoa no Itanhangá

RIO - Quando o helicóptero desceu na semana passada no loteamento irregular em construção às margens da Lagoa da Tijuca, na comunidade da Muzema, no Itanhangá, pedreiros que trabalhavam nas obras tentaram correr, deixando para trás pilhas de tijolos, sacos de cimento e uma retroescavadeira. Era a primeira operação do programa de combate ao desmatamento Olho no Verde, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), feita com apoio aéreo na cidade do Rio. E, logo na estreia, pôs à prova um dos objetivos da fiscalização com reforço de uma aeronave: o fator surpresa, para flagrar os infratores e aumentar a eficácia das inspeções contra os crimes ambientais.

No condomínio, com casas e arruamento que invadiam a faixa de proteção de lagoa, os operários acabaram levados para a delegacia, e foi aberta uma investigação sobre os proprietários do empreendimento ilegal. Dois caminhões e uma escavadeira também foram apreendidos, e a obra foi embargada cautelarmente, por não ter licença ou autorização dos órgãos ambientais.

Nessa nova etapa do projeto — iniciado em 2016 para monitorar por imagens de satélite cerca de oito mil quilômetros quadrados de unidades de conservação e fragmentos de florestas fluminenses —, os planos incluem o uso da aeronave pelos fiscais para chegar a áreas como a do Itanhangá ao menos uma vez por semana. E, além de facilitar a localização dos responsáveis pela derrubada de mata, afirma o subsecretário estadual do Ambiente, Rafael Ferreira, a intenção é avaliar denúncias em regiões remotas, de difícil acesso por terra.

FAVELAS CRESCEM MAIS NA ZONA OESTE

A fiscalização aérea começou na segunda-feira da semana passada pelo interior, nos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. Ao ser levada para a Zona Oeste da capital, deflagrou mais uma ofensiva na região onde as favelas mais cresceram em áreas na cidade entre 2004 e 2016.

— No caso da área no Itanhangá, as fotos de satélite mostraram o desmatamento. E o fato se confirmou. Os agentes chegaram com gente trabalhando no local, com as construções avançando sobre o mangue da Lagoa da Tijuca — diz Rafael Ferreira. — Nos últimos dois anos, já ficou claro para a gente que, na Zona Oeste, esses loteamentos irregulares, quase sempre de classe média, são o principal problema, difícil de estancar. Até 90% dos desmatamentos na região têm essa origem, muitas vezes perto de comunidades. Com a aeronave, conseguimos pegar os construtores de surpresa.

Do alto, os fiscais flagraram ainda uma clareira na mata, nas bordas da Floresta da Tijuca, próximo a casas de classe média alta e a construções da comunidade da Tijuquinha, também no Itanhangá. Na mesma área, avistaram outro loteamento, com ruas e moradias já ocupadas avançando pela mata. E, quando seguiam para mais um local com alerta gerado pelas imagens de satélite, acabaram vendo um grande desmatamento, em Santa Cruz, que nem estava na rota da fiscalização da semana passada: um terreno de aproximadamente 40 mil metros quadrados, com retirada da vegetação, desmonte de um pequeno morro e terraplanagem, onde duas pessoas foram levadas para a 36ª DP (Santa Cruz).

Fonte: Jornal O Globo - 30/01/2018

— Em toda essa região, num cinturão que vai da Barra da Tijuca, a Guaratiba, Santa Cruz, Campo Grande e Bangu, até o município de Itaguaí, o que resta de área verde está muito ameaçado. Lógico que os parques conservam muito. Mas o grande problema são as bordas dessas unidades. Por isso, nossa preocupação é atacar essas áreas de transição — diz o subsecretário.

AERONAVE SERÁ USADA CONTRA INCÊNDIO

Ele explica que o uso do helicóptero acontece em parceria com a Câmara de Compensação Ambiental do Estado, financiado com medidas compensatórias das licenças ambientais. Usada agora também no Olho Verde, a aeronave está à disposição ainda para ações como o combate a incêndios. As próximas operações, esta semana, devem ocorrer no Norte e no Noroeste do estado, onde as imagens de satélites mostraram grandes áreas de desmatamentos, com até dez hectares (o tamanho de dez campos de futebol), em municípios como Cambuci. Além disso, nessa nova etapa, o projeto também passará a monitorar áreas de mangue e de restinga, como o entorno do Parque Estadual da Costa do Sol, na Região dos Lagos.

As primeiras irregularidades flagradas aqui na capital foram numa região muito afetada pela favelização. Só a Muzema, de acordo com os dados do IPP, ocupava em 2016 uma área de 87.969 metros quadrados (ou o tamanho de quase nove campos de futebol). Pouco menor que a vizinha Tijuquinha, com 100.044 metros quadrados, mas ambas com um rápido processo de verticalização, com prédios de até nove andares, parte deles avançando pela mata.

As duas comunidades ficam na Área de Planejamento 4 (AP 4), que inclui Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Cidade de Deus. De 2004 a 2016, essa foi a que teve a maior expansão da área ocupada por favelas — uma variação de 1,44%, chegando a 6,879 milhões de metros quadrados ou ao tamanho de 687 campos de futebol. Ficou atrás apenas da outra porção da Zona Oeste, a Área de Planejamento 5 (AP 5), que inclui Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba e Realengo. Nessa área, o crescimento no período foi de 3,88%, alcançando 15,055 milhões de metros quadrados, ou 1.505 campos de futebol. Nas demais regiões da cidade, houve queda na dimensão das favelas.

Além disso, se considerados as antigas regiões administrativas do Rio — transformadas em superintendências regionais pelo governo de Marcelo Crivella — as que tinham maior extensão de favelas em 2016, segundo os dados do IPP, estavam na Zona Oeste. Nesse ranking, a região tinha do primeiro ao quarto lugar do ranking: Jacarepaguá (5,107 milhões de metros quadrados); Bangu (4,121 milhões de metros quadrados); Santa Cruz (4,091 milhões de metros quadrados) e Campo Grande (3,706 milhões de metros quadrados).

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